terça-feira, 30 de junho de 2015

REDE ESGOTO ENTERRADA...


Publicado em 27/06/2015

Nogueira: a Globo
caminha para o cemitério

“O fracasso de Babilônia marca o fim da tevê como a conhecemos”



A partir de entrevista do diretor-geral da Globo, Carlos Henrique Schroder, à Folha, Paulo Nogueira, do DCM, escreveu:


O fracasso de Babilônia marca o fim da tevê como a conhecemos




A Globo vive num regime de autoilusão, como se pode verificar pela entrevista com o diretor-geral Carlos Schroder publicada pela Folha.

Perguntaram a Schroder sobre o fiasco da novela Babilônia, que dias atrás cravou 17 pontos no Ibope em São Paulo, um extraordinário recorde negativo na trajetória das novelas da Globo.

Schroder achou vários culpados.

O primeiro deles, naturalmente, é o povo brasileiro, “mais conservador” do que as pessoas imaginam.

Depois, ele citou uma novela da Record e outra do SBT.

Admitiu, ligeiramente, que alguma coisa na trama “não funcionou”.

Schroder só não tocou na maior razão do fracasso: o declínio veloz da televisão como mídia na Era Digital.

Rapidamente, a tevê como conhecemos caminha para o mesmo local reservado a jornais e revistas: o cemitério.

Considere o slogan do aplicativo de vídeos que a Reuters acaba de lançar: “A tevê de notícias para quem não vê tevê”.

O consumo de vídeos está cada vez menos na televisão e cada vez mais na internet.

No campo do entretenimento, sites como o Netflix e agora a Amazon oferecem uma fabulosa quantidade de séries, filmes e documentários.

Você vê quando quer, na hora que quer, o que quiser.

No campo das notícias, vídeos selecionados pelas comunidades são postados nas redes sociais, e ali consumidos – fora das emissoras tradicionais.

Uma parte expressiva dos vídeos que viralizam nas redes sociais é produzida pelos próprios internautas – ao flagrar cenas notáveis no dia a dia, como a surpresa que aguardou o dono de um automóvel que parou numa vaga de deficientes.

No esporte, você começa a ter a opção de assinar canais específicos para ver o que deseja – sem ter que comprar um pacote caro de tevê por assinatura.

Sabia-se faz tempo que a internet ia matar jornais e revistas. Mas não se imaginava que a tevê se transformaria tão celeremente na próxima vítima.

Uma pesquisa recente nos Estados Unidos mostrou que o número de pessoas que não se imaginam sem internet e celular cresceu vigorosamente nos últimos anos, na mesma medida em que decresceu o contingente dos que não podem viver sem tevê.

No Brasil, um levantamento deixou claro que televisão é hoje uma coisa para um público velho e com baixo nível de educação, exatamente o oposto daquilo que os anunciantes buscam.

A Globo, neste sentido, é a próxima Abril.

Caíram todas as circulações das revistas da Abril nos últimos anos. A única falsamente estável é a da Veja graças a manobras (custosas) que inflam artificialmente os números, e que os anunciantes fingem não ver.

Do mesmo modo, todas as audiências da Globo são uma sombra do que foram antes do surgimento e expansão da internet.

O Jornal Nacional luta para se manter na casa dos 20 pontos, marca que seria uma tragédia há dez anos.

O Fantástico já escorregou para baixo dos 20, e ninguém mais comenta o que ele deu ou deixou de dar.

Quando, no futuro, alguém for estudar a história da tevê convencional, Babilônia será citada provavelmente como um capítulo especial.

Babilônia, com sua miséria de Ibope, é o grande marco do fim da tevê como a conhecemos.

A culpa não é do povo, como quer a Globo, mas de uma coisa chamada vida, ou mercado, como você preferir.



Leia também:


Netflix já netflixou a Globo


Em festa da Globo, Dilma omite Ley de Medios


Quem é o coveiro da Globo?

TIRANDO A ESCADA..

Ministro Marco Aurélio
tira a escada de Moro

Vai cair tudo no Supremo – PHA



O Conversa Afiada reproduz trechos de entrevista que o Ministro STF Marco Aurélio Mello concedeu a Sonia Racy, no Estadão:

(…)

há um afã muito grande de se chegar a um bom resultado na percepção criminal. E em dados momentos se percebe a flexibilização de uma máxima segundo a qual, em direito, o meio justifica o fim. Não posso simplesmente potencializar o que eu quero alcançar e atropelar normas existentes. Falo de normas que implicam para todos nós, cidadãos, segurança jurídica. Esta deve prevalecer, não pode ser atropelada.



Uma das queixas dos advogados de defesa dos envolvidos se refere à decretação das prisões preventivas. Acha que tem havido abuso?
A prisão preventiva deve existir como exceção, não como regra. E ela tornou-se – estou falando de forma geral, no universo jurídico – regra. Talvez para dar uma esperança vã, uma satisfação à sociedade.


Onde está o erro?
Tendo em conta a morosidade do processo crime, se prende para posteriormente apurar, quando se deveria primeiro apurar para, selada a culpa, prender para a execução da pena. Aí, é claro, já considerado o princípio que é muito caro a todos, que é o princípio da não culpabilidade. Afinal, alguém só pode ser considerado culpado depois que haja um título condenatório, não sujeito mais a modificação na fase de recurso. Eu fico preocupado quando há essa inversão de valores. Prendem-se pessoas que não apresentam periculosidade e pessoas que, de início, não estariam interferindo para embaralhar a investigação.

Muitos juristas questionam a forma como ocorrem os processos de delação premiada. Anteontem, um ministro do governo falou em “vazamento seletivo” das delações. O questionamento é procedente?
Me preocupa muito a questão da delação. Por norma, ela deve estar retratada num ato espontâneo. No processo atual, o número de delatores já revela algo estranho, pois parece que 15 já delataram. É muita delação… Não cabe, eu digo sempre, prender para, fragilizando o ser humano, ater-se à delação. Não se avança culturalmente dessa forma. Não cabe ter-se, como já afirmei antes em um artigo – mas atenção, aí não me refiro a um caso concreto – não cabe ter o justiçamento. Lembro-me de que, nesse artigo, citei Machado de Assis por uma frase muito interessante: ele diz que a melhor forma de se ver o chicote é tendo o cabo à mão. E o chicote muda de mão. Mas não posso deixar de cumprimentar a Polícia Federal, o Ministério Público e até mesmo, é claro – e aí temos recursos para corrigir algum extravasamento – até mesmo o juiz Sergio Moro.


“Corrigir extravasamentos” significa a possibilidade de se reformar algumas decisões do juiz em instância superior?
É mais ou menos isso. E ressalto que, às vezes, o órgão investido do ofício de julgar tem de adotar uma postura contrária aos anseios populares – até mesmo o povo está submetido às regras constitucionais legais. Esse órgão nem sempre marcha de forma majoritária, às vezes fica na minoria. Mas o dever precípuo é com o direito posto. Temos realmente a oportunidade de corrigir erros de procedimento, erros de julgamento via recursos e também habeas corpus. É necessário considerar o tempo para lograr uma correção de rumos.


Em seu entender, tem razão o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ao defender o direito de empresas hoje envolvidas na Lava Jato a participar de futuras licitações do governo, uma vez que elas ainda não sofreram nenhuma condenação?
Essa é uma decorrência natural do princípio da não culpabilidade. Precisamos conciliar o formal com a realidade. De nada adianta forçar a mão, afastando precocemente, de forma açodada, essas empresas dos contratos administrativos – e ter-se logo adiante a formação de outras empresas, até mesmo com capital das empresas anteriores. O que se precisa é concluir o julgamento. Em suma, o ministro Cardozo está sendo estritamente fiel ao figurino, que é um figurino constitucional. Ele não está querendo proteger esta ou aquela empresa. Está falando da preservação de princípios.


(…)

Navalha
Como diz o ansioso blogueiro: queria ver a valentia do Moro se o Daniel Dantas aparecesse numa dessas delações selecionadas…
Paulo Henrique Amorim


quinta-feira, 25 de junho de 2015

FALA PEDRO PORFÍRIO...


 

 Hoje eu não tenho mais dúvida: todo esse aparatescandaloso que faz da  Operação Lava Jato a vedete da mídia visa reduzir a Petrobras a pó, na mesma proporção que um Aécio Neves insano e sem futuro faz o diabo para derrubar Dilma e Temer, abrindo espaço para uma revanche eleitoral em que ele espera ganhar. (Se chegar a 2018, não terá vez, por que a fila anda também no tucanato).
De quebra, a quebradeira das empreiteiras brasileiras por conta dos malfeitos dos seus executivos já começa a favorecer grandes multinacionais, como a canadense Brookfield, que está assumindo a parte da OAS na Invepar, gestora das concessões do Metrô do Rio, Linha Amarela e do Aeroporto de Guarulhos.  A OAS, investigada na Lava Jato, já está em "recuperação judicial".
Neste caso, o juiz Sérgio Moro está excedendo ao irradiar para a empresa atos da responsabilidade de diretores.  Como soi acontecer, os executivos vão acabar se saindo bem, com o deles garantido,  em prejuízo dos milhares de trabalhadores que já estão "na onça", a pão e água.  Muitas dessas construtoras desbancaram as multinacionais em países que estavam antes em seu poder, e isso parece pesar nesse arredondamento dos delitos.
Por falar em mercado do trabalho, só a Odebrecht mantinha até outro dia 200 mil EMPREGOS DIRETOS, aqui e além fronteiras, onde muitos brasileiros estão ganhando em dólares de olho no amanhã por aqui.
No ataque à Petrobrás, os entreguistas não têm cerimônia: tramita no Senado à velocidade máxima o projeto do senador José Serra que a retira virtualmente do filé mignon do pré-sal, algo que vale o equivalente a quase três anos do Orçamento da República. Veja, a propósito, a imagem de Fernando Brito, do Tijolaço.
Vale perguntar: e como vão os processos do metrô de SP, da sonegação que rendeu fortunas a membros do Conselho de Contribuintes, da evasão de grana para a Suíça?
Não se fala mais neles: em compensação Moro, um juiz federal de primeira instância do Paraná, onde a Lava Jato ficou pendurada não sei por que, virou o pontífice do judiciário brasileiro. E ai de quem atravessar em seu caminho.
Francamente, tem caroço nesse angu.
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UM TRAIDOR DO POVO BRASILEIRO.

Prejuízos decorrentes do projeto do senador José Serra sobre o Pré-Sal
(Veiculado pelo Correio da Cidadania a partir de 23/06/15)

Paulo Metri conselheiro do Clube de Engenharia e colunista do Correio da Cidadania

Faço uma estimativa dos prejuízos que serão causados à nossa sociedade se o projeto de lei (PL) 131 de autoria do senador José Serra sobre o Pré-Sal vier a ser aprovado. Sei que esta estimativa é baseada em algumas suposições, o que a torna um evento não determinístico. No entanto, as suposições feitas são o que, em inglês, chamam de “educated guess”, correspondente ao nosso “chute em direção ao gol”, que pode raspar a trave ou entrar no gol. Por outro lado, é válido fazer esta estimativa para mostrar a ordem de grandeza do prejuízo que Serra propõe.
Segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), já foram descobertos, no Pré-Sal, 60 bilhões de barris. Todos os “barris” citados neste texto referem-se a “barris recuperáveis”. Sobre estas descobertas, os modelos de exploração e demais parâmetros já estão definidos nas leis e respectivos contratos existentes. O projeto do senador, se aprovado, só trará repercussão no que ainda deve vir a ser descoberto nesta área. Assim, a primeira suposição a ser feita é sobre quantos barris restam a descobrir.
Após alguma insistência, geólogos tendem a citar faixas de valores para as reservas adicionais do Pré-Sal. Um ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP) disse, na época da descoberta do Pré-Sal, que poderiam existir até 300 bilhões de barris na área. Pode-se dizer, em posição equilibrada, que ainda existem 90 bilhões de barris no Pré-Sal a serem descobertos.
Assim, o prejuízo a ser causado pelo projeto Serra é obtido da comparação da exploração de 90 bilhões de barris pelo modelo de partilha atual e pelo modelo de partilha com as modificações do PL 131. Detalhando, as alternativas que estão sendo comparadas são as seguintes. Na primeira, representada pelo modelo existente, todas as áreas do Pré-Sal ainda não leiloadas seriam arrematadas por consórcios ou pela Petrobras sozinha. E, na hipótese de serem arrematadas por consórcios, estes teriam a Petrobrás como integrante, com no mínimo 30% de participação, e como operadora dos mesmos.
Ainda nesta alternativa, as rodadas de leilões seriam realizadas bem espaçadas para permitir à Petrobrás acumular lucros que seriam reinvestidos no negócio, minimizando a necessidade de empréstimos e de venda de ativos. Notar que não há pressa para se explorar o Pré-Sal, pois o país já tem seu abastecimento garantido pela própria Petrobrás por mais de 20 anos.
No modelo flexibilizado de Serra, a Petrobrás seria só mais uma petrolífera, que disputaria áreas do Pré-Sal, e só seria operadora quando conseguisse formar um consórcio em que estivesse nesta posição e ele saísse vitorioso do leilão. Embutido neste modelo está o conceito de que ela arrematar uma área ou uma petrolífera estrangeira a arrematar, para a sociedade brasileira, é a mesma coisa, o que não é verdade.
Na alternativa Serra, as rodadas de leilões seriam bem frequentes, para retirar a Petrobras destes leilões pela incapacidade de investir freneticamente. Assim, as petrolíferas estrangeiras estariam prontas para formarem cartéis e arrematarem áreas, o que é impedido quando a Petrobrás é uma das contendoras. Também, em geral, a ganância leva as petrolíferas estrangeiras a produzir em ritmo acelerado para maximizar o lucro, e não para retirar o máximo de energia do campo, transformando-se, assim, em uma produção predatória, o que a Petrobrás não faz.
Teremos que diferenciar os prejuízos numericamente estimáveis daqueles que não são. Nos prejuízos quantificáveis, está a redução da arrecadação de royalties. Este tributo, em um período de tempo, é proporcional à receita que é função da produção no período e o preço de transação do petróleo na época. Se a Petrobras não for a operadora única de todos os contratos do Pré-Sal, mesmo sabendo da existência da empresa do Estado brasileiro Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), que, pela lei no 12.351, tem a incumbência de gerir os contratos de partilha da produção, há a possibilidade de a produção ser declarada com um valor menor que o real, exatamente para se pagar menos royalties e, também, gerar menos lucro, o que leva a uma menor contribuição para o Fundo Social.
Não tenho conhecimento de nenhum esquema de fraude na medição da produção. Estou falando aqui sobre a vulnerabilidade para roubos de modelos de organização do setor. No modelo proposto por Serra, a Petrobrás é tirada da condição de operadora única, quando, com ela, se pode ter o modelo mais confiável de apuração do valor da produção. Ela é a única empresa que não anseia pela maximização dos lucros dos empreendimentos. Assim, ela não tem a tentação de subavaliar a produção.

A corrupção

Neste ponto do desenvolvimento dos argumentos, sempre observam: “Mas a corrupção foi flagrada nela, recentemente”. O que aconteceu, lá, foi a descoberta que alguns dos seus executivos a roubavam para satisfazer a quem lhes nomeou para seus cargos e a si próprios. Roubos em empresas privadas por seus executivos também acontecem, mas não são divulgados porque os controladores das empresas roubadas, não querendo mostrar fragilidade ao mercado, penalizam os ladrões e não divulgam os ocorridos.
Outra tradicional contraposição trazida ao debate é que a responsável por garantir medições corretas para os volumes produzidos é a ANP, que pertence ao governo. Acontece que ela, assim como muitas das agências reguladoras do nosso país, foi cooptada, desde que foi criada, pelas empresas a serem reguladas e, no caso específico, pelas petrolíferas estrangeiras. Se isto não fosse verdade, ela não sugeriria tantas rodadas de leilões de nenhum interesse social. Não teria também determinado no edital de Libra o percentual ridículo do lucro líquido a ser remetido para o Fundo Social. É claro que estas agências têm para suas ações antissociais o beneplácito do governo.
Há necessidade de um rápido parêntese para facilitar o entendimento do leitor. Toda a estrutura de funcionamento do governo foi modificada nos anos 1990, quando princípios neoliberais e entreguistas foram introduzidos e nunca mais foram modificados. Por isso, nos deparamos, de tempos em tempos, com alguns destes entulhos do passado. Enquanto eles existirem, o grau de soberania do país permanecerá baixo.
Por outro lado, a PPSA não irá inibir a subavaliação da produção, por esta estatal ser chefiada, hoje, por pessoas, que, até há pouco tempo, trabalhavam em petrolíferas estrangeiras ou em fornecedores estrangeiros do setor. Mais uma vez, não critico as pessoas que estão, hoje, nesta estatal. Critico o modelo de organização do setor, que permite a nomeação de pessoas para cargos-chave de controle, que deveriam ser declaradas impedidas in limine, porque os interesses dos seus novos cargos conflitam com os interesses das empresas nas quais trabalhavam até recentemente.
Assim, ao serem produzidos os 90 bilhões de barris, que ainda serão descobertos, suas medições poderão atestar somente em torno 81 bilhões, com uma “perda” de nove bilhões, ou seja, 10% do volume total. Este é um valor estimado, que representa “um chute plausível” do que pode ser escondido. Como esta eventual fraude ocorreria durante a vida útil do campo, tal petróleo será comercializado a diversos preços, podendo ser tomado, como média, US$ 100 por barril. Então, a fraude da subavaliação da produção poderá ser de US$ 900 bilhões em 35 anos. Como o royalty é 15% sobre a receita, neste caso, o royalty desviado será de US$ 135 bilhões em 35 anos. O modelo proposto pelo Serra permite esta fraude, o que é barrado pela Petrobrás no modelo atual.
Outro momento em que pode ocorrer fraude é no cálculo do custo da produção do petróleo, que irá influir sobre o lucro líquido e, assim, influenciará o valor a ser remetido para o Fundo Social. Em tese, esta fraude pode ser quantificada por fiscais competentes, mas, sem muitos dados, sua estimativa é difícil de ser feita. Como as petrolíferas estrangeiras trabalham basicamente com seus tradicionais fornecedores do exterior, a entrega de faturas superfaturadas pode ocorrer sem dificuldade e, depois, o acerto de contas pode ser feito, através das matrizes, no exterior. Assim, o Fundo Social, uma idéia nobre para dar função social ao aproveitamento do Pré-Sal, tende a se tornar inócuo.

“Esquecimento” do valor geopolítico

Prejuízos acarretados pelo projeto do senador José Serra não quantificáveis são muitos. Primeiramente, é preciso estar consciente que seu projeto irá “inundar” a área do Pré-Sal com petrolíferas estrangeiras. Elas, que estão com dificuldade para aumentar suas reservas, graças ao petróleo brasileiro, conseguirão garantir seus futuros. Além disso, elas só compram plataformas de petróleo no exterior, pois, após 20 anos do término do monopólio estatal, nenhuma destas empresas comprou uma única plataforma no Brasil, enquanto a Petrobrás, desde o governo Lula, só as compra aqui.
A encomenda de desenvolvimentos tecnológicos e a contratação da engenharia pelas empresas estrangeiras ocorrem com entidades do exterior. As multinacionais não têm interesse de abastecer o Brasil com derivados, exportando totalmente o petróleo produzido por elas, sem nenhum valor agregado e, ainda mais, sem pagarem o imposto de exportação, por se beneficiarem da lei Kandir.
Muito mais poderia ser acrescentado ao já extenso artigo. No entanto, desejo só dizer que o petróleo não vale unicamente por ser um energético com milhares de usos e o setor de transporte, em escala mundial, ser dependente dos seus derivados. Petróleo significa também poder político para nações que o detêm soberanamente. O projeto do senador Serra esquece por completo este valor do petróleo, pois, ao entregá-lo a firmas estrangeiras, o Estado brasileiro perde o poder geopolítico.
Assisti a uma palestra recentemente, na qual o orador falou sobre o uso dado pela Noruega ao seu petróleo do Mar do Norte com grande impacto social, o que trouxe uma melhoria considerável no IDH deste país. O mesmo não acontecerá com o Brasil se o projeto Serra passar. Deste modo, a diferença que existe entre a Noruega e o Brasil é o grau de conscientização política do povo. Um congressista norueguês, mesmo que quisesse, não apresentaria um projeto análogo ao do Serra lá, dado o grau de constrangimento a que seria submetido.





quarta-feira, 24 de junho de 2015

OS EUA NO LAVA JATO...

Moro vai entregar
Odebrecht aos americanos

Juiz de Guantanamo segue a carreira do Cerra


Sugestão de amigo navegante, a partir do GGN:​

Os Estados Unidos na Lava Jato, por André Araújo



Expansão do Aeroporto Internacional de Miami é uma das obras da Odebrecht em solo norte-americano

Por André Araújo

A cada dia dia essa operação atropela conceitos e noções elementares de racionalidade na proteção do interesse nacional.  Agora sabemos que, a pedido do Ministerio Público Federal, autoridades americanas ajudarão a força-tarefa e a Polícia na investigação de elementos e fatos pretensamente ligados à Construtora Norberto Odebrecht que estão ou passaram pelos Estados Unidos.

A cooperação internacional anti-crime já existe há bastante tempo. Existe a Interpol, há acordos de cooperação internacional, MAS, na realidade, essas ações de cooperação se dão contra traficantes de drogas, de armas, de mulheres, sequestradores, assaltantes de bancos, pirataria contra navios e aviões. Não se dão contra empresas e contra executivos dessas empresas, porque seus países sede não vão submeter seus nacionais à investigação e jurisdição estrangeira de forma voluntária, a mãe geralmente não entrega o filho tão facilmente.

Não é normal um grande país pedir apoio estrangeiro para investigar uma grande empresa sua. A Alemanha vai pedir aos Estados Unidos para investigar a Mercedes Benz? Ou a Volkswagen? Não importa o crime que essa grande corporação tenha praticado, o país onde ela tem sede, além de combater o crime, tem também interesse em proteger sua empresa, não vai entregá-la de bandeja a um governo estrangeiro que vai fazer a investigação visando seu interesse e aí. no caso, HÁ GRANDES INTERESSES.

A grande empresa é patrimônio do país, com ou sem crime. A Siemens fez os fornos dos campos de concentração? Fez sim, mas a Alemanha protege a Siemens e nunca irá pedir à Inglaterra para investigar a Siemens e perseguí-la.

Seu interesse em combater um eventual crime não é maior que seu interesse em manter a Siemens como um patrimônio alemão, em Nuremberg, NENHUM ALEMÃO ACUSOU ALEMÃO. Há uma noção de pátria arraigada, é normal um Estado proteger seu nacional em dificuldades e não entregá-lo às feras estrangeiras.

É inacreditável que os procuradores não tenham essa noção elementar de interesse nacional. Jogar aos leões estrangeiros o maior grupo empresarial brasileiro sob pretexto de combater um eventual crime é algo espantoso. Pedir a um Governo estrangeiro para investigar uma empresa brasileira, tornando-a vulnerável a processos no mundo inteiro, é algo inédito, para eles o crime é mais importante que a empresa quando na realidade a empresa é muito maior que o crime ainda a ser investigado, não há certeza de nada, tudo é baseado em delações mais que suspeitas. Ainda que o crime exista, não tem cabimento chamar investigadores de outro Governo e um governo nada santo para investigar uma empresa que é um patrimônio brasileiro. Nossos podres devem ficar em casa, nós é que devemos resolvê-los.

Se a Odebrecht está sendo investigada no Brasil,ISSO É UM PROBLEMA DO BRASIL, não dos EUA.

A Odebrecht é a 12ª empreiteira no ranking mundial e é grande empreiteira nos EUA, opera na Flórida há mais de 30 anos, fez importantes obras, de aeroportos à metrôs. Esse pedido de investigação do Ministerio Público vai liquidar com a empresa nos EUA, depois vai liquidá-la em todo o mundo. Parece loucura, mas pode ser falta de noção.

As grandes empreiteiras americanas vão adorar. Elas são a Bechtel (faturamento em 2014 US$28,3 bilhões), Fluor (US$16,9 bilhões) CB & T (US$10,3 bilhões), Kiewit (US$10,1 bilhões), a Odebrecht faturou em 2014 US$9,1 bilhões.

Interessa às empresas americanas o mercado brasileiro e mais ainda interessa ocupar o espaço da Odebrecht no exterior, nos EUA e no Brasil.

Quando uma comitiva de procuradores da Lava Jato, chefiadas pelo Procurador Geral, foi aos EUA em fevereiro, publiquei aqui um post estranhando a viagem e suspeitando que iriam pedir ajuda do Departamento da Justiça contra a Petrobras, parecia absurdo para nós mas para eles parece que é normal.

Vejo que a coisa é ainda pior. Eles querem a ajuda americana para perseguir empresas brasileiras no Brasil.

Será que nos cursinhos de concursos não ensinam alguma coisa de economia global? Vão queimar espaços do Brasil duramente conquistados no mercado internacional de construção? Parece incrivel mas é exatamente o que estão fazendo. Pedir a um país estrangeiro para detonar empresas brasileiras. Ah, mas é para combater crimes.

Então vamos esperar o dia em que o Governo americano vai pedir ao Governo brasileiro para investigar a General Motors aqui no Brasil. Jamais farão isso, sabe porquê? O Governo americano protege seus nacionais, pessoas e empresas, MESMO QUE CRIMINOSOS, PORQUE ANTES DE CRIMINOSOS ELES SÃO AMERICANOS.

Uma das maiores obsessões da politica externa americana é IMPEDIR que seus nacionais sejam tocados, investigados ou processados por estrangeiros. Eles não fazem parte da Corte Internacional de Justiça porque não admitem que americanos sejam julgados por não americanos. Quando entram em qualquer país por acordo militares, como na Colômbia onde tem sete bases, o primeiro artigo de qualquer Tratado é a garantia da IMUNIDADE PROCESSUAL de soldados americanos naquele país onde está a base. Eles não aceitam isso de forma alguma. E nós vamos pedir para investigar a Odebrecht. DEPOIS DE INVESTIGAR VÃO PROCESSAR LÁ NOS EUA. Nós estamos entregando a eles de bandeja uma grande empresa brasileira. Já entregamos a PETROBRAS, quem será que deu ao Departamento de Justiça as provas para a Petrobras ser processada por um Governo estrangeiro? Tenho minhas suspeitas, mas guardo pra mim.

Isso tudo é um  pesadelo, não parece possivel que brasileiros usem governos estrangeiros como escada dessa forma tão tosca, americanos não são bonzinhos, já entram onde não são chamados agora imagine quando chamamos.


http://enr.construction.com/toplists/Top-Contractors/001-100.asp


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Requião desmonta entreguismo do Cerra


Moro: quem tem que reagir é o Supremo !


PHA oferece a Moro uma delação

ENTREGUISTA...

Requião chama Cerra
pelo nome: entreguista!

“Querem transferir as riquezas do Brasil para as multinacionais !”



Como se sabe, o PT não elegeu nenhum senador.

Um deles, que se camufla no PT, Delcidio Amaral, se alinha com o entreguismo deslavado do Cerra: também quer detonar a Petrobras.

Se nao fosse o Requião, ia parecer que o Cerra faz escola no Senado.

Ao Requião, no Brasil de Fato!



“Querem transferir a riqueza do Brasil para as multinacionais”




Em entrevista, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) classificou a tentativa de rever a partilha do pré-sal como “entreguismo”. Ele lembrou que José Serra já havia prometido à petroleira norte-americana Chevron que faria mudanças no setor para facilitar o controle das reservas pelas multinacionais.



Por Pedro Rafael


O Senado Federal está abrindo o caminho para que as empresas multinacionais de petróleo possam assumir o controle e o ritmo da exploração das reservas brasileiras do pré-sal. Na noite de terça-feira (16), o plenário da Casa aprovou requerimento de urgência para a tramitação do projeto de lei 131/2015, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP). A proposta do tucano altera a lei do pré-sal e revoga o artigo que garante à Petrobras participação de pelo menos 30% do consórcio vencedor de cada bloco de petróleo licitado e também libera a estatal da função de operadora única das atividades de extração. A medida praticamente inviabiliza o sistema de partilha, definido como modelo para exploração do pré-sal e que garante mais controle e maior arrecadação de recursos públicos para o Estado.

As reservas do pré-sal estão entre as maiores do planeta e podem chegar a 300 bilhões de barris. Desse total, ao menos 60 bilhões já estão mapeados, graças a excelência tecnológica da Petrobras na exploração de áreas em grandes profundidades – o pré-sal está a mais de 7 mil metros abaixo do nível do mar. A estimativa do quanto vale esse todo esse petróleo é astronômica: os 300 bilhões de barris, ao custo de 100 dólares o barril, resultaria numa cifra inacreditável de 30 trilhões de dólares. Multiplique a riqueza do Brasil em 10 vezes e chega-se a esse valor. Isso ajuda a explicar o forte interesse econômico que essas reservas despertam no capital internacional. Em entrevista ao Brasil de Fato, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) classificou a iniciativa de “entreguismo”. Ele lembrou que José Serra já havia prometido a petroleira norte-americana Chevron que faria mudanças no setor para facilitar o controle das reservas brasileiras pelas multinacionais. A quebra no modelo de partilha também afetaria drasticamente a indústria nacional e poderia comprometer as gerações futuras com a extração desenfreada.




Brasil de Fato – O projeto do senador José Serra (PSDB-SP) mexe no modelo de partilha do pré-sal. O que está em jogo?

Roberto Requião – O sistema de partilha, com garantia da Petrobras como operadora única em 30% dos leilões é uma forma de garantir fiscalização e controle na extração de petróleo. E não apenas isso, porque a Petrobras coordenando os consórcios vai priorizar a encomenda de insumos, equipamentos e navios brasileiros, impulsionando toda uma indústria, gerando emprego, renda e desenvolvimento do país. As multinacionais não investem na indústria nacional. Portanto, quebrar esse modelo vai gerar uma corrida para retirar o petróleo daqui, na maior velocidade possível e remeter dividendos ao exterior. E assim nós vamos perder o controle e a velocidade da exploração. A Indonésia entregou todas as suas reservas para a Chevron, dos Estados Unidos, que passou a vender o barril a 1 dólar a unidade. Quando a farra acabou, a Indonésia passou a comprar o mesmo barril a 60 dólares.

O argumento dos que querem a mudança na lei de partilha é de que a Petrobras não tem fôlego para investir na exploração do pré-sal…

Então, o Serra acha que o pré-sal vai quebrar a Petrobras? Trata-se de uma reserva de 300 bilhões de barris, mais de 30 trilhões de dólares e que só a Petrobras tem tecnologia de ponta para explorar em grandes profundidades. Não vai faltar crédito interno e externo para a empresa fazer os investimentos. Além disso, não tem que ter pressa para explorar. A Petrobras produz 800 mil barris de petróleo por dia, a principal missão dela é abastecer o país e preservar as riquezas para o futuro. O petróleo ainda é o principal bem energético da natureza e será assim a médio e longo prazo, não tem porque extrair tudo de uma vez. Com a capacidade atual, a Petrobras tem como abastecer o Brasil por décadas e o país pode planejar o seu desenvolvimento controlando a extração.


O projeto recebeu apoio de senadores da base aliada e do próprio líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS). Será que o governo pode ceder aos interesses do PSDB?


Esse projeto do Serra está avançando com apoio do senador Delcídio. No começo do ano, o ministro das Minas e Energia também já tinha falado em mudar o sistema. Até a Magda [Chambriard, diretora-presidente da Agência Nacional de Petróleo] defendeu essa tese. O governo precisa se posicionar de forma clara contra esse retrocesso, não ceder a pressão. Quando a gestão não funciona, muda a gestão, troca os diretores, mas punir uma empresa como a Petrobras alterando o modelo de concessão do petróleo é grave.


Quais são os interesses que movem esse movimento de mudança no sistema de partilha?

O Serra agora cumpre aquilo que o Wikileaks já havia revelado [em 2013, foram relevados telegramas da embaixada dos EUA no Brasil narrando encontros secretos de Serra com Patrícia Padral, diretora da Chevron no Brasil]. Ele prometeu à diretora da Chevron, quando foi candidato à presidente da República, que faria a revisão do modelo de partilha para retirar a Petrobras do controle das reservas, caso fosse eleito, permitindo que as multinacionais abocanhassem a maior parte. Ele não desistiu do seu intento e, no momento de fragilidade política do governo, está retomando o seu entreguismo.



Leia também:


Requião desmonta entreguismo do Cerra



ENGENHEIROS DA PETROBRAS VS CERRA, O ENTREGUISTA!

COM A PALAVRA O STF...


Publicado em 22/06/2015

Moro: quem tem
que reagir é o Supremo !

Assim como não existiria Dantas sem Gilmar, Moro só existe por causa do Gilmar.



O Judiciário, sob a liderança do Gilmar.

O Ministério Público, sob a liderança do Moro.

A Polícia Federal, sob a liderança do Moro.

Todas as instituições se postaram de joelhos diante do PiG.

À frente de todos, o Poder Executivo, que endossa a Lava Jato.

A reação mais enfática, agressiva, em defesa dos Direitos e da Lei teria que vir do Comando Supremo da Nação, a Presidenta eleita pelo povo em duas eleições livres e democráticas.

Mas, daí não vem nem virá.

De onde, então, deveria vir o combate ao Moro ?

Quem, em última instância, garante a Lei e a Ordem ?

Até no regime militar o Supremo defendeu a Lei e a Ordem.

Evandro Lins e Silva deu um Habeas Corpus a Miguel Arraes que o tirou da cadeia em Fernando Noronha e permitiu que se exilasse.

Presos políticos receberam Habeas Corpus do Supremo em 60 dias !

E agora ?

Quantos Habeas Corpus de presos na Guantánamo do Moro esperam uma decisão do Supremo há meses e meses?

O Supremo desempenhou um papel tão digno no Golpe militar, que foi preciso aposentar três ministros, cuja sabedoria jamais foi compensada: Evandro, Hermes Lima e Victor Nunes Leal.

Por que o Supremo não reage diante das notórias e gritantes arbitrariedades desse conjunto Golpista formado pela Guantánamo do Moro, os delegados confessadamente aecistas, que faziam tiro ao alvo na Dilma, e os procuradores fanfarrões?

Por medo do PiG.

Por que o zé da Justiça mantém no cargo os delegados que atiravam na Dilma ?

Por medo do PiG.

Se alguns ministros supremos se acovardaram diante dos militares do Golpe Militar, agora, ministros supremos se acovardam diante de espada mais afiada e mortal: a do PiG, do Golpe Midiático, da Máquina de Lama!

Ah, o Lewandowski, dirão !

Ora, responderão: o Lewandowski teve coragem no mensalão, apanhou como um condenado, e ninguém – com exceção dos blogueiros sujos – levantou o dedo para defender sua dignidade e profissionalismo.

E agora ?

Quem mais ?

Ou o Gilmar continuará a ser o Presidente Supremo do Supremo, no PiG ?

Só ele fala pelo Supremo ?

Ele tem o dom de calar e acovardar o Judiciário inteiro ?

Será ?

Assim como não existiria um Daniel Dantas sem o Gilmar – como disse o valente Rubens Valente -, não existiria um Moro sem o Gilmar !

Nem no regime militar foi assim !

Tanto horror perante os céus, diria Castro Alves, que descreveu a chibata !

A INJUSTIÇA CONTRA UM PARTIDO...

O golpe de mão do juiz Sérgio Moro contra o PT

O juiz Sérgio Moro é apenas um numa conspiração de classe destinada a criar uma onda de pânico e um clima de histeria contra o PT.


Maria Inês Nassif
Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Não é banal o movimento que fazem a Justiça e o Ministério Público paranaense para inviabilizar um partido político nacional, o PT, ou qualquer outro que venham a botar no mesmo pacote – de preferência pequenos e ligados ao governo – para fingir que essa decisão não é uma perseguição ao partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que venceu as eleições dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, e da presidenta Dilma Rousseff, que ganhou dois pleitos dos tucanos José Serra e Aécio Neves, o último deles o ano passado. Isso faz parte de uma estratégia de intimidação tão assustadora que transfere para o aparelho judicial de um Estado que sequer tem relevância na política nacional as decisões sobre o futuro da política nacional e sobre a legitimidade do voto do eleitor brasileiro; e que dá a uma decisão judicial de primeira instância o direito de proscrever partidos políticos.

Nem nas ditaduras brasileiras isso aconteceu. Os partidos foram proscritos por atos federais. O PCB, por exemplo, foi colocado na ilegalidade em 1927, durante o estado de sítio decretado pelo presidente Epitácio Pessoa. Em 1966, todos os partidos brasileiros foram extintos por um ato institucional da ditadura militar iniciada em março de 1964. Somente em 1946 a Justiça tomou a decisão de tirar uma legenda do quadro partidário, o mesmo PCB, sob o argumento de que ela não professava a democracia. Ainda assim, a decisão partiu de uma instância máxima de Justiça, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O absurdo jurídico de colocar um partido na ilegalidade pode ocorrer se o Ministério Público do Paraná pedir o indiciamento do PT, a pretexto de participação na Operação Lava Jato, e o juiz Sérgio Moro condenar o partido. Segundo matéria publicada pela Folha de S. Paulo, procuradores preparam a originalíssima peça, que respaldaria uma decisão judicial destinada a proscrever o PT. O instrumento da inviabilização do partido seria a aplicação de uma multa próxima dos R$ 200 milhões que um dos delatores da Operação diz que o partido recebeu de propina – e que, sem provas, nas mãos de qualquer procurador ou juiz minimamente neutros, seria apenas uma palavra, a do delator, contra a outra, a do delatado que nega o crime.

Um golpe de mão aplicado pela Justiça no quadro partidário brasileiro é, de fato, a inovação que a pouco neutra justiça paranaense pode legar para o país inteiro. Moro adora inovações, e segue os passos do inovador Joaquim Barbosa que, à frente do chamado Caso Mensalão, no Supremo Tribunal Federal, deixou de ser juiz e agiu como promotor, rasgou a Constituição, negou provas que inocentariam alguns réus e pediu a condenação de outros tantos sem provas, com o beneplácito do plenário da mais alta corte judiciária do país, com o aplauso da imprensa e as loas da oposição.

Todas as licenças poéticas do aparelho judicial paranaense, inclusive esta, vêm sendo amparadas pelos partidos de oposição, acalentada pela mídia conservadora, tolerada pelas instâncias superiores da Justiça e pelos órgãos de controle do Judiciário e do Ministério Público, a exemplo do que aconteceu no Mensalão. A estratégia é a mesma: cria-se um clima político para legitimar desmandos judiciários, e os desmandos do Ministério Público ou da Polícia Federal são sistematicamente legitimados porque vêm respaldados em decisões judiciais. É uma roda-viva onde quem perde é sempre o futuro. Porque, no futuro, sabe-se lá quem vai ser atingido por já legitimados desmandos judiciais que hoje vitimam o PT. A articulação política entre PF, Ministério Público e a Justiça já é um dado, e pode atingir no futuro outros inimigos políticos que forem escolhidos por eles.

O pensador Antonio Gramsci, ligado ao Partido Comunista Italiano, descreveu nos Cadernos do Cárcere as observações sobre o que ocorria naquela Itália convulsionada por uma cega adesão à liderança de Benito Mussolini. Lá pelas tantas, ele tenta entender como se formam as explosões de pânico, a contaminação coletiva por uma ideologia por meio do medo e da formação de sensos comuns – ideias-força sem necessariamente nenhuma racionalidade, mas de fácil aceitação, capazes de comover, envolver ou amedrontar. Os meios de comunicação são fundamentais na criação dessas mudanças culturais muito rápidas.

A teoria gramsciana merece também ser lembrada nesses turvos dias pelo papel que atribui a instituições do Estado, inclusive à Justiça. O Judiciário, segundo ele, é um aparelho ideológico de vocação conservadora, resistente a mudanças – inclusive as definidas pelo jogo democrático.

Como esse artigo não é acadêmico, só tomo a liberdade de citar o pensador rapidamente, na tentativa de entender o momento em que vivo eu, assustada, como outros tantos; e todos nós – alguns com medo, uns irados, outros tantos odientos, numa composição digna de uma arena romana. Nessa trama, é difícil diferenciar os cristãos dos leões.

Desde o Mensalão, Gramsci vai e volta em qualquer tertúlia política pela simples razão de que vivemos no meio de uma onda de comoção, pacientemente criada nos últimos anos, destinada a relativizar uma realidade em que as forças envolvidas em campanhas difamatórias, ações espetaculares, uso da máquina judicial, não conseguiram alterar uma realidade eleitoral, e ocupam os demais aparelhos ideológicos de Estado para consolidar uma hegemonia que se imponha sobre o voto. Tudo o mais – a formação de sensos comuns estapafúrdios, mas simples e claros; o papel da Justiça; o uso dos meios de comunicação na formação de um clima tão denso, tão áspero, tão inóspito, que pode ser apenas cortado com faca afiada – já é passado. Já foi, já produziu efeitos. O clima está criado.

Resta aos democratas tentarem separar o que é espuma, o que é avanço indevido sobre direitos democráticos, do que é efetivamente justo. Essa é uma tarefa que fica muito difícil, porque o clima e o senso comum agem intencionalmente contra. O Brasil tem caminhado por sofismas, e Moro usa deles à perfeição. O clima de histeria criado contra o PT desestimula as pessoas comuns de defenderem governos por elas eleitos, com base no sofisma fincado num senso comum cevado pacientemente nos últimos anos, de que o partido é corrupto, e quem o defende está defendendo a corrupção; de que a Petrobras é de uso do petismo, e o petismo é corrupto, e  por isso a Petrobras tem que ser inviabilizada economicamente; de que os corruptos delatores se tornam heróis se delatam o PT, mesmo não tendo credibilidade pessoal nem provas; que a Justiça, para eliminar um partido político, pode usar de que instrumento for, mesmo ao arrepio da lei, para prender e intimidar.

É tão irracional a “sofismação” da realidade e a consolidação de sensos comuns que é difícil entender por que, de repente, as pessoas tenham escolhido se destituir do direito à inteligência. Cair na armadilha dos sensos comuns criados pelo ódio impede a visão do óbvio. O tesoureiro do PT, João Vaccari, foi preso pelo juiz Moro porque arrecadou dinheiro legal para o PT, vindo de empresas implicadas na Operação Lava Jato. As empreiteiras que encheram os cofres do partido de dinheiro doaram igualmente para partidos de oposição, na mesma proporção. O raciocínio do juiz – segundo o qual dinheiro vindo de empresas fornecedoras da Petrobras, mesmo legal, transforma-se em crime porque foram conspurcados pela ação dessas empresas nas operações com a estatal – não vale para os outros. Não existe a mínima neutralidade nessa decisão.

A insanidade dos argumentos destinados a inibir a defesa do PT é outra coisa própria desse clima, a prova de que o país surfa na crista da onda de comoção. Por dois anos, desde a condenação de petistas no processo do Mensalão, criou-se um clima coletivo de ridicularização ou de raiva daqueles que ponderaram contra a ilegalidade de várias das decisões e condenações feitas pelo Supremo. O julgamento do Mensalão é uma mácula que a Suprema Corte brasileira demorará a se livrar. E a defesa que pessoas fizeram dos juízes que julgaram para atender o público e a mídia é uma mácula que a democracia brasileira terá de lidar daqui para a frente.

O juiz Moro, aquele do Paraná, ganhou um lugar na história do grupo político a que serve. Para a história do futuro, não terá deixado nenhuma contribuição jurídica, pelo simples fato de que rasgou a Constituição. A mídia tradicional, que ajudou a construir o clima duro que pesa sobre as nossas cabeças, deixará para o futuro a história de reconstrução do udenismo – um futuro em que poucos de seus veículos terão sobrevivido à hecatombe dos tempos modernos. A oposição partidária, pouquíssimo orgânica, será história, dificilmente futuro. E provavelmente isso também ocorrerá com as forças políticas levadas por essa onda de insanidade.

Isso, sim, será uma crise política com efeitos semelhantes ao de um tsunami.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL:POSIÇÃO DA CNBB.

Posição pública da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB
Mensagem da CNBB sobre a Redução da Maioridade Penal
“Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados” (Mt 5,6).
Temos acompanhado, nos últimos dias, os intensos debates sobre a redução da maioridade penal, provocados pela votação desta matéria no Congresso Nacional. Trata-se de um tema de extrema importância porque diz respeito, de um lado, à segurança da população e, de outro, à promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente. É natural que a complexidade do tema deixe dividida a população que aspira por segurança. Afinal, ninguém pode compactuar com a violência, venha de onde vier.
É preciso, no entanto, desfazer alguns equívocos que têm embasado a argumentação dos que defendem a redução da maioridade penal como, por exemplo, a afirmação de que há impunidade quando o adolescente comete um delito e que, com a redução da idade penal, se diminuirá a violência. No Brasil, a responsabilização penal do adolescente começa aos 12 anos. Dados do Mapa da Violência de 2014 mostram que os adolescentes são mais vítimas que responsáveis pela violência que apavora a população. Se há impunidade, a culpa não é da lei, mas dos responsáveis por sua aplicação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), saudado há 25 anos como uma das melhores leis do mundo em relação à criança e ao adolescente, é exigente com o adolescente em conflito com a lei e não compactua com a impunidade. As medidas socioeducativas nele previstas foram adotadas a partir do princípio de que todo adolescente infrator é recuperável, por mais grave que seja o delito que tenha cometido. Esse princípio está de pleno acordo com a fé cristã, que nos ensina a fazer a diferença entre o pecador e o pecado, amando o primeiro e condenando o segundo.
Se aprovada a redução da maioridade penal, abrem-se as portas para o desrespeito a outros direitos da criança e do adolescente, colocando em xeque a Doutrina da Proteção Integral assegurada pelo ECA. Poderá haver um “efeito dominó” fazendo com que algumas violações aos direitos da criança e do adolescente deixem de ser crimes como a venda de bebida alcoólica, abusos sexuais, dentre outras.
A comoção não é boa conselheira e, nesse caso, pode levar a decisões equivocadas com danos irreparáveis para muitas crianças e adolescentes, incidindo diretamente nas famílias e na sociedade. O caminho para pôr fim à condenável violência praticada por adolescentes passa, antes de tudo, por ações preventivas como educação de qualidade, em tempo integral; combate sistemático ao tráfico de drogas; proteção à família; criação, por parte dos poderes públicos e de nossas comunidades eclesiais, de espaços de convivência, visando a ocupação e a inclusão social de adolescentes e jovens por meio de lazer sadio e atividades educativas; reafirmação de valores como o amor, o perdão, a reconciliação, a responsabilidade e a paz.
Consciente da importância de se dedicar mais tempo à reflexão sobre esse tema, também sob a luz do Evangelho, o Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunido em Brasília, nos dias 16 a 18 de junho, em consonância com a 53ª Assembleia Geral da CNBB, dirige esta mensagem a toda a sociedade brasileira, especialmente, às comunidades eclesiais, a fim de exortá-las a fazer uma opção clara em favor da criança e do adolescente. Digamos não à redução da maioridade penal e reivindiquemos das autoridades competentes o cumprimento do que estabelece o ECA para o adolescente em conflito com a lei.
Que Nossa Senhora, a jovem de Nazaré, proteja as crianças e adolescentes do Brasil!
Brasília, 18 de junho de 2015.
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia-BA
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário Geral da CNBB

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Ôôõ CANTAREIRA...

Sabesp: Sistema Cantareira
pode secar até agosto

Sabesp considera fim do Cantareira e corre contra o tempo.


Saiu no site da revista Exame:

SABESP CONSIDERA FIM DO CANTAREIRA E CORRE CONTRA O TEMPO



Vanessa Dezem, da Bloomberg

A crise da água em São Paulo ainda não acabou.

Depois que a seca do ano passado deixou São Paulo à beira de um racionamento severo de água, as chuvas do final do verão deram à Sabesp — a grande culpada pela crise, segundo autoridades municipais — uma segunda chance para aumentar investimentos em infraestrutura.

Com o início da estação seca, há uma corrida contra o tempo para desviar rios e conectar sistemas antes que os já prejudicados reservatórios de água fiquem baixos novamente.

A corrida contra o tempo ressalta a situação precária da maior metrópole da América do Sul após duas décadas sem nenhum grande projeto hídrico.

Os reservatórios ainda não se recuperaram da seca do ano passado e os meteorologistas estão prevendo meses mais quentes à frente por causa do fenômeno climático El Niño.

“A infraestrutura não foi a prioridade da Sabesp nos últimos anos — eles não adotaram medidas para evitar a crise –”, disse Pedro Caetano Mancuso, diretor do Centro de Referência em Segurança da Água da Universidade de São Paulo.

“Embora a Sabesp esteja disposta a fazer a lição de casa agora, a questão é se ela será concluída ou não a tempo de evitar um problema ainda maior”.

A Sabesp — empresa sob controle estatal –,disse que foi a severidade da seca do ano passado, e não a falta de investimentos em infraestrutura, a causa da crise.

“Nós estávamos preparados para uma seca tão ruim ou pior que a de 1953”, quando a Sabesp enfrentou uma crise similar, disse o presidente Jerson Kelman a vereadores, em uma audiência no dia 13 de maio.

“O que aconteceu em 2014 foi que tivemos metade do volume de chuva daquele ano. Para isso, nós não estávamos preparados”.


‘Previsível’

Em um relatório, em 10 de junho, a Câmara de Vereadores de São Paulo culpou a Sabesp pela crise que cortou o abastecimento em alguns bairros, dizendo que a seca já era previsível.

“Se a Sabesp tivesse investido os dividendos distribuídos na Bolsa de Nova York em obras para modernizar os sistemas que abastecem a capital e na manutenção da rede, não estaríamos enfrentando o racionamento travestido de redução de pressão,” disse Laércio Benko, vereador que liderou a comissão criada para investigar a escassez no abastecimento de água em São Paulo.

O maior dos projetos de infraestrutura que a Sabesp necessita neste ano para garantir o fornecimento de água potável está atrasado.

O projeto para conectar o Rio Pequeno ao reservatório da Billings, originalmente programado para ser concluído em maio, não será terminado até agosto devido a atrasos nas licenças ambientais e de uso da terra, disse a assessoria de imprensa da Sabesp em uma resposta a perguntas por e-mail. Se concluído neste ano, o pacote de cinco obras de emergência em que a Sabesp está investindo seria suficiente para evitar o racionamento, segundo a empresa.



Reservatório principal

Sem os projetos, e se as chuvas ficarem no nível do ano passado ou abaixo dele, a Sabesp projeta que seu reservatório principal — conhecido como Cantareira — poderá secar até agosto, segundo projeções internas obtidas pela Bloomberg News.

No pior cenário previsto pela empresa, poderá haver cortes no abastecimento de água na maior parte da área metropolitana de São Paulo cinco dias por semana, segundo o documento, que foi preparado como parte de um plano de contingência para São Paulo.

A Sabesp disse no e-mail que as chuvas, até agora, têm sido positivas. vAo acelerar os investimentos de emergência agora, a Sabesp está cortando em outras partes e aumentando os preços da água.

A empresa reduzirá os gastos com coleta e tratamento de esgoto pela metade neste ano, disseram

executivos em uma teleconferência com investidores em abril. O aumento de tarifa reflete o “estresse financeiro” da Sabesp, disse o diretor financeiro Rui Affonso na conferência.



(…)

terça-feira, 16 de junho de 2015

UM ESCÂNDALO QUE NÃO É DA PETROBRÁS...

Dilma e a Lava-Jato:
escândalo não é da Petrobras

“É impossível”, disse a Presidenta sobre suposto envolvimento seu nas denuncias de corrupção na Petrobras

De @MendesOnca, no twitter


No G1:


Dilma diz ser ‘impossível’ ligação entre ela e corrupção na Petrobras



Em entrevista a canal francês, presidente foi questionada sobre o caso.
Dilma disse que nunca teve acusação contra ela por qualquer malfeito.



A presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista ao canal francês TV France 24 que é “impossível” que se aponte ligação entre ela e o escândalo de corrupção que atuava na Petrobras, revelado pela Operação Lava Jato. A entrevista ocorreu na última sexta (5) e foi ao ar nesta segunda (8).

A Lava Jato investiga suspeitas de pagamento de propina a funcionários da estatal, políticos e partidos em troca de contratos com a petroleira. Delatores revelaram à Justiça Federal do Paraná que um grupo de construtoras montou um cartel para superfaturar obras da Petrobras. A operação policial culminou na prisão de executivos da estatal e de grandes empreiteiras do país.

Dilma deu a declaração após o jornalista francês que a entrevistava questionar se a petista estaria apta a assumir as consequências, caso as investigações apontem que ela sabia do esquema na estatal. Em resposta, a presidente afirmou que “lutará até o fim” para mostrar que não fez parte dos crimes cometidos na petroleira.

“Eu não estou ligada [ao escândalo]. Eu não respondo a esta questão porque eu não estou ligada. Eu sei que não estou nisso. É impossível. Eu lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada. Eu sei o que eu faço. E eu tenho uma história por trás de mim. Neste sentido, eu nunca tive uma única acusação contra mim por qualquer malfeito. Então, não é uma questão de ‘se’. Eu não estou ligada”, disse a presidente.

(…)

Na entrevista à TV France 24, Dilma afirmou também que, na sua opinião, o esquema de corrupção que agia na estatal do petróleo não pode ser chamado de “escândalo da Petrobras” porque “cinco funcionários” se envolveram nas irregularidades. A presidente disse também que o escândalo diz respeito a funcionários que se articularam com algumas diretorias e com alguns partidos para “obter benefícios”.

(…)

“E é muito importante entender que a Petrobras tem mais de 30 mil empregados e tem cinco envolvidos. O escândalo da Petrobras não é escândalo da Petrobras, é escândalo de um determinado funcionário que era diretor na Petrobras”, disse a presidente na entrevista à emissora de televisão francesa.

(…)



Em tempo: A Presidenta também falou sobre a investigação na Fifa. Leia aqui.
Em tempo2: Clique aqui para assistir a entrevista na íntegra.