quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O COCACÓPTERO

Cocainocóptero"
Aécio, aeroporto, helicóptero e narcotráfico
O envolvimento do candidato e senador pelo PSDB com as drogas pode ir muito além do consumo próprio...
Essa é a manchete que não vai sair em nenhum órgão do monopólio capitalista de imprensa. O possível envolvimento do candidato do PSDB à presidência da República com o narcotráfico.
A direita tentou evitar o tema, mas o envolvimento de Aécio Neves com drogas, como usuário, foi discutido nas eleições, inclusive por denúncia - muito tímida, é verdade - do PT.
Entretanto, mais de uma denúncia ocupa as redes sociais relacionando Aécio Neves com o tráfico de drogas, cartel, assassinatos, tortura e os 450kg de cocaína apreendidos no helicóptero dos Perrela no Espírito Santo.
Ao falar dos Perrela referimo-nos ao deputado estadual condecorado pelos governos do PSDB em São Paulo e Minas Gerais, Gustavo Perrela, deputado estadual em Minas pelo partido Solidariedade, e Zezé Perrela, seu pai, senador pelo PDT e ex-presidente do Cruzeiro Futebol Clube, aliados do PSDB de Aécio Neves, Serra, FHC e Alckmin.
Uma das denúncias está sendo feita pelo policial civil Lucas Gomes Arcanjo que mantém uma página do facebook que leva seu nome.
À atriz e documentarista Tássia Camargo, em áudios divulgados no Youtube, Lucas Arcanjo conta histórias de tortura, ameaças e assassinatos envolvendo Aécio Neves e empresas que atuam em Minas Gerais.
Entre outras coisas, afirma que a “morte de uma funcionária usada por autoridades do DETRAN para fazer depósito de grande quantidade de dinheiro”. Um dos esquemas da máfia seria um “cartel que beneficiava locadoras (de carros)”.
Nos áudios, Lucas Arcanjo sempre se refere ao tucano como “narcotraficante perigosíssimo com muitas mortes em seu caminho”.
Com relação ao helicóptero do pó, ou cocainocóptero, como passou a ser chamado o helicóptero da família Perrela apreendido com quase meia tonelada de cocaína, com valor estimado em 10 milhões de reais, as denúncias também estão na internet.
Reportagem do sítio Pragmatismo Político mostra que o helicóptero apreendido em um sítio na cidade de Afonso Cláudio, no Espírito Santo, fez uma parada três horas e meia antes, no município de Sabarazinho, a 14 Km de distância do aeroporto construído por Aécio Neves ao lado da propriedade de sua família em Cláudio, as duas últimas cidades em Minas Gerais.
O aeroporto de Cláudio, um município com 25 mil habitantes custou ao estado de Minas R$ 14 milhões de reais.
A cidade já havia sido alvo de operação da polícia para o fechamento de laboratório de refino de cocaína após uma denúncia anônima. Na ocasião ninguém foi preso, mas foram encontrados no local cocaína e maconha.
Quando a notícia da apreensão do helicóptero foi divulgada, o dono da fazenda em Sabarazinho fez uma denúncia afirmando ter visto um helicóptero sobrevoando suas terras, e que depois encontrou 13 galões de 20 litros com substância semelhante a querosene. Não houve maiores investigações sobre a denúncia e o fazendeiro foi inocentado sem maiores explicações.
Os Perrela também foram considerados inocentes, responsabilizando exclusivamente o piloto pelo “frete”. O advogado do piloto que está preso, entrou com pedido de quebra de sigilo telefônico. Seu cliente afirma ter feito duas ligações para o deputado Perrela antes de decolar.
Ainda segundo a reportagem, o inquérito da Polícia Federal afirma que o carregamento foi feito em Pedro Juan Cabalero, no Paraguai, e tinha como possível destino Amsterdam, na Holanda, o que configura tráfico internacional.
Todas essas denúncias completam quase um ano, mas os casos não ganham destaque nos grandes jornais da imprensa capitalista, nem são prioridade nas investigações da polícia. Cabe à imprensa alternativa e independente levantar esta questão para obter o seu esclarecimento.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

NOVO RECORDE...

Conversa Afiada bate
record de audiência

C Af superou o número de visitas, de usuários e de visualizações em comparação com 2010. Que horror !

Com a vitória gigantesca da Dilma, o Conversa Afiada tem o prazer de informar aos amigos navegantes que bateu todos os records de audiência no mês de Outubro de 2014. 

Em comparação com o mesmo período da eleição de 2010, quando o C Af também registrou altos índices, o ansioso blog bateu o número de visitas, de usuários e de visualizações.

Conversa Afiada obteve impressionantes 13,5 milhões de páginas exibidas, com 1.471.081 visitantes únicos até o dia 27, segunda-feira.

O que representa um crescimento de 69% diante de 2010. 

O C Af registrou um crescimento de 42% em visitantes únicos.

A navegação no portal aumentou 32%.

Os visitantes ficam no blog, em média, 4′42”, mais tempo do que os espectadores (em numero cada vez menor) dedicam a todo o jornal nacional (quá, quá, quá !). 

O ponto alto dos acessos aconteceu na sexta-feira anterior à votação, dia 24, quando a revista Veja antecipou a veiculação de sua capa com uma suposta bomba do doleiro Alberto Youssef. 

Por volta das 14 horas, o Conversa Afiada recebeu mais de 3.300 amigos navegantes ao mesmo tempo em seu site, quando o golpe terrorista estava sendo desmontado pelos blogs sujos.

ranking Alexa, serviço que mede quantos usuários visitam um site, comprova o crescimento do Conversa Afiada. O ansioso blog pulou do 904º lugar para o 398º entre todos os blogs brasileiros (dado de 28/10).


Muito obrigado, como disse o ansioso blogueiro em vídeo!


Equipe do Conversa Afiada,
sob o comando da diretora-executiva Geórgia Pinheiro

MAIS UMA ARMAÇÃO.

Carta Capital:
PF suspeita de armação
em depoimento de Youssef

Para a PF, a acusação do doleiro contra Lula e Dilma pode ter sido estimulada pela defesa de Youssef

Conversa Afiada reproduz de Carta Capital:


PF SUSPEITA DE ARMAÇÃO EM DEPOIMENTO DE YOUSSEF, DIZ “O GLOBO”



Para a Polícia Federal, a acusação do doleiro contra Lula e Dilma pode ter sido estimulada pela defesa de Youssef, com intenção eleitoral, um dia antes da publicação de “Veja”


O jornal O Globo traz em sua edição desta quarta-feira 29 uma informação que pode ajudar a elucidar a história por trás da “bala de prata” da oposição contra Dilma Rousseff (PT), a indicação, feita pelo doleiro Alberto Youssef, de que a presidente reeleita e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinham conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras. Segundo o jornal, os investigadores suspeitam que a declaração do doleiro pode ter sido forçada pela defesa para influenciar o resultado do segundo turno das eleições.



A Polícia Federal investiga como o depoimento de Youssef vazou e, segundo a reportagem do Globo indica, suspeita da ação da defesa do doleiro. De acordo com o jornal, Youssef prestou depoimento na terça-feira 21, como vinha fazendo normalmente, e não citou Lula ou Dilma. Na quarta-feira 22, diz o jornal, um dos advogados de Youssef pediu para “fazer uma retificação no depoimento anterior”. No interrogatório, afirma o Globo, o advogado “perguntou quem mais, além das pessoas já citadas pelo doleiro, sabia da fraude na Petrobras”. Youssef disse, prossegue o jornal, “acreditar que, pela dimensão do caso, não teria como Lula e Dilma não saberem”. A retificação acabou exatamente neste trecho.



No dia seguinte, a quinta-feira 23, antecipando sua circulação semanal em um dia, Veja publicou as declarações de Youssef a respeito de Lula e Dilma. Segundo a reportagem da revista, o doleiro não apresentou provas e elas não foram solicitadas.



A suspeita da PF levanta uma questão temporal curiosa. Enquanto a retificação do depoimento de Youssef teria ocorrido na quarta-feira, segundo O Globo, Veja afirmou em nota que sua APURAÇÃO “COMEÇOU NA PRÓPRIA TERÇA-FEIRA, mas só atingiu o grau de certeza e a clareza necessária para publicação na tarde de quinta-feira”.



A defesa de Youssef é coordenada pelo advogado Antonio Augusto Figueiredo Basto. Por um ano, Basto teve um cargo de conselheiro do Conselho de Administração da Sanepar, a Companhia de Saneamento do Paraná. Como consta no site da empresa, ele ASSUMIU O CARGO EM 17 DE JANEIRO DE 2011, 16 dias após a posse de Beto Richa (PSDB) como governador do Paraná. Em 25 de abril de 2012, a carta de renúncia de Basto foi lida em assembleia geral da Sanepar, como consta em ATA TAMBÉM PUBLICADA no site da companhia. No último 23 de outubro, no mesmo dia da publicação de Veja, Basto disse ao mesmo jornal O Globo que DESCONHECIA O TEOR DO DEPOIMENTO dado por Youssef na terça-feira 21.


A reportagem sobre a suspeita da PF, publicada nesta quarta-feira 29 pelo Globo, no pé da página 6

A notícia veiculada pelo Globo, apurada de Brasília e Curitiba e que não tem assinatura em sua edição imprensa, apenas na VERSÃO ONLINE, foi relegada à parte inferior da página 6 do periódico, uma escolha que chama atenção diante da repercussão que teve a capa da revista Veja.


No horário eleitoral do dia seguinte, a sexta-feira 24, DILMA ROUSSEF DISSE QUE IRIA PROCESSAR VEJA, e prometeu INVESTIGAR A CORRUPÇÃO NA PETROBRAS “doa a quem doer”. Na Justiça, o PT conseguiu proibir a editora Abril de VEICULAR PROPAGANDAS DE SUA CAPA, considerada “propaganda eleitoral”, e também o DIREITO DE RESPOSTAdiante da reportagem.



Na sexta-feira e no sábado, véspera do segundo turno, panfletos com a capa impressa de Veja foram distribuídos em várias cidades do Brasil. Na madrugada de sábado 25 para domingo 26 começou a circular pelas redes sociais o BOATO DE QUE YOUSSEF, INTERNADO EM CURITIBA, TERIA SIDO ENVENENADO. A Polícia Federal e o hospital em que ele esteve desmentiram a informação, que circulou pelas redes sociais em uma velocidade impressionante, assustando a militância petista na reta final da votação e provocando um impacto que dificilmente poderá ser mensurado.



Também na imprensa brasileira houve repercussões. No domingo 26, um colunista da Folha de S.Paulo, que publicou reportagem de teor semelhante ao de Veja a respeito do suposto conhecimento de Lula e Dilma sobre a corrupção, acusou a TV Globo de ter “medo” ao não repercutir as denúncias dos dois veículos no Jornal Nacional. Em resposta, o diretor de jornalismo da Globo afirmou que as fontes da emissora não confirmaram “com suas fontes o sentido do que fora publicado” pela revista e classificaram como “distorcida” da reportagem da Folha.


(Por José Antonio Lima)


FALA VENÍCIO.

Venício: Golpe de Veja justifica
acelerar regulação econômica da mídia



Conversa Afiada reproduz do Viomundo:

VENÍCIO LIMA: GOLPE ELEITORAL DE VEJA JUSTIFICA ACELERAR REGULAÇÃO ECONÔMICA DA MÍDIA


Cabos eleitorais espalharam reproduções da reportagem de Veja em várias partes do Brasil: quem pagou pela impressão?



ECOS DA ELEIÇÃO


Marco regulatório: a gota d’água


POR VENÍCIO A. DE LIMA EM 28/10/2014 NA EDIÇÃO 822, OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA, SUGERIDO PELO JULIO CESAR MACEDO AMORIM


Conhecidos os resultados eleitorais, espera-se que, no seu segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff enfrente a questão inadiável de um marco regulatório democrático para o setor de comunicações ou “da regulação econômica do setor” como ela mesma tem dito.


O grand finale do processo de construção de uma “linguagem do ódio” e da partidarização da cobertura jornalística – que vinha progressivamente se radicalizando ao longo de toda a campanha – confirmou os graves riscos para o processo eleitoral e, sobretudo, para a própria democracia, de um mercado oligopolizado que favorece a ação desmesurada e articulada de grupos privados de mídia na defesa de interesses inconfessáveis.


Refiro-me, por óbvio, à edição 2397 da revista Veja, do Grupo Abril, à sua circulação antecipada, à sua planejada repercussão em outros meios de comunicação e à sua utilização (capa reproduzida e distribuída como panfleto) no esforço derradeiro de cabos eleitorais do candidato Aécio Neves.


Liberdade de expressão?


A edição 2397, que não foge ao padrão rotineiro praticado pela Veja, abandona princípios elementares do que possa ser chamado de jornalismo, nos termos definidos historicamente pela própria indústria de comunicações.


Um bom exemplo poderia ser “a teoria da responsabilidade social da imprensa”, consagrada pela Hutchins Commission (Estados Unidos, 1947): “Propiciar relatos fiéis e exatos, separando notícias (reportagens objetivas) das opiniões (que deveriam ser restritas às páginas de opinião) e servir como fórum para intercâmbio de comentários e críticas, dando espaço para que pontos de vista contrários sejam publicados” (ver aqui).


Aparentemente Veja não se preocupa mais com sua credibilidade como produtora de notícias e cultiva de forma calculada um tipo de leitor cujas opiniões ela expressa e confirma. De qualquer maneira, em momentos críticos de um processo eleitoral seu poder de fazer circular “informações” no espaço público é inquestionavelmente ampliado por sua cumplicidade de interesses com outros oligopólios da grande mídia.


Acrescente-se que Veja sempre se ampara legalmente em artimanhas jurídicas de profissionais da advocacia e, muitas vezes, em decisões do próprio Poder Judiciário que tudo permite em nome da liberdade de expressão equacionada, sem mais, com a liberdade da imprensa.


Não foi o que aconteceu dessa vez.


A resposta do TSE


Ações judiciais impetradas pelo PT no TSE tentando diminuir as consequências daquilo que a candidata/presidente Dilma chamou de “terrorismo eleitoral” foram objeto de decisões imediatas e impediram que as consequências fossem ainda mais danosas – embora não houvesse mais tempo para “apagar” insinuações e denúncias publicadas sem qualquer comprovação às vésperas das eleições.


As decisões do TSE, claro, foram rotuladas de “censura” pelo Grupo Abril e unanimemente pelas entidades que representam os oligopólios de mídia – ANJ, Abert e Aner – assim como pelo candidato Aécio Neves, diretamente beneficiado.


De qualquer maneira, a reação pública imediata da candidata/presidente Dilma no horário gratuito de propaganda eleitoral e as decisões do TSE reacendem a esperança de que a regulação democrática do setor de comunicações receba a prioridade que merece no próximo governo.


Talvez a edição 2397 de Veja tenha involuntariamente sido a esperada gota d’água que faltava para que finalmente se regulamente e se cumpram as normas da Constituição de 1988 relativas à comunicação social – que, aliás, aguardam por isso há mais de um quarto de século.


Em especial, urge ser regulamentado e cumprido o parágrafo 5º do artigo 220 que reza: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”.


A ver.


Venício A. Lima é jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado), pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG e organizador/autor com Juarez Guimarães e Ana Paola Amorim de Em defesa de uma opinião pública democrática – conceitos, entraves e desafios (Paulus, 2014), entre outros livros


PS do Viomundo: O impacto eleitoral do golpe da Veja ainda não foi medido, pelo simples fato de que a mídia corporativa jamais deslocará um repórter investigativo sequer para fazê-lo. Quem pagou pela impressão das capas com o conteúdo da reportagem? Quem distribuiu? É fato que as bancas de jornal foram inundadas pela revista? Houve mesmo distribuição gratuita em estações de trem e Metrô? Por enquanto, perguntas sem resposta definitiva. Porém, além da Veja o comportamento partidarizado da mídia que ficou claríssimo no levantamento do Manchetômetro. Escandaloso:


URGENTE;POR UMA LEI DA MÍDIA JÁ...

Wanderley: Ley de Medios, já!

Para Wanderley Guilherme dos Santos, enquanto sociedade se tornou plural, mídia se concentrou, tornando-se obstáculo a formação de consensos necessários ao país

Conversa Afiada reproduz entrevista de Wanderley Guilherme dos Santos a Paulo Moreira Leite:


“DEMOCRATIZAÇÃO DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO SE IMPÕE”



Costumo entrevistar  Wanderley Guilherme dos Santos, desde a década de 1980, quando o país vivia sob o governo de José Sarney. Wanderley é um dos principais pensadores do país de hoje e já perdi a conta de quantas conversas tivemos, desde então.   Foram três entrevistas apenas na campanha presidencial de 2014. A primeira, no início, permitiu ao professor mostrar o que estava em jogo na eleição. Na seguinte, logo após o segundo turno, Wanderley fez uma avaliação do primeiro mandato Dilma e apresentou bons argumentos a favor da reeleição. A terceira entrevista foi feita ontem, por escrito, logo após a quarta vitória do PT em eleições presidenciais.


Wanderley acredita que a democratização dos meios de comunicação é um debate que vai se impor a partir de 2015.  Sua visão vai além da abordagem política mais conhecida, que condena o pensamento único que dirige os principais jornais revistas e emissoras de TV porque não reflete  a pluralidade em vigor na sociedade brasileira. Sem deixar de criticar essa situação,  Wanderley aprofunda o debate. Mostra que a concentração da mídia produz prejuízos bem maiores. Representa um obstáculo poderoso ao amadurecimento político do país. Em vez de estimular a formação de consensos em diversas áreas, que poderiam auxiliar no progresso social e na tomada de decisões de interesse geral, os meios de comunicação estimulam a formação de linhas de conflito inegociáveis entre grupos e setores sociais. Ajudam a definir posturas sectárias e criam um radicalismo artificial, sem base na vida real.


Impossível discordar — quando se recorda o jogo dos meios de comunicação na campanha presidencial.


A entrevista:


PERGUNTA — Após a quarta vitória consecutiva do PT numa eleição presidencial, um fato inédito em nossa história, qual deveria ser a prioridade do governo Dilma a partir de agora?

As prioridades do governo devem incluir avanços na preocupação social, com a consolidação das leis sociais, por exemplo, e uma revisão da estrutura tributária tornando-a menos regressiva. Não acredito na visão de que projetos mais ousados — como um imposto sobre grandes fortunas — não seriam recomendáveis face ao resultado das eleições. Creio que podem  muito bem servir de reanimação ao eleitorado progressista, reduzindo a abstenção e os votos nulos e brancos em próximas eleições.


PERGUNTA — O que também poderia ser feito?

Uma revisão profunda da máquina burocrática é absolutamente indispensável, tanto pela investigação do que existe de desperdício pela via da corrupção quanto pela via da ineficiência, uma das raízes, aliás, dos convites à corrupção. Simultaneamente, será obrigatório o desenho de medidas que protejam a economia brasileira da grave crise internacional, o que implica em coordenar esforços públicos e privados. O diálogo com os representantes dos setores do sistema econômico é inevitável. E no mesmo espírito de formação de consensos operacionais, impõe-se uma discussão para viabilizar a democratização dos meios de comunicação.


PERGUNTA — Por que não é possível adiar a democratização dos meios de comunicação?

Enquanto a sociedade se torna mais pluralista, como as eleições demonstram, os meios de comunicação se concentram e se mostram obstáculos à formação de consensos operacionais, tentando introduzir linhas de conflito inegociáveis entre grupos e segmentos sociais e econômicos. Não é possível governar democraticamente uma sociedade com uma imprensa amordaçada por interesses oligárquicos como é o caso brasileiro. É crucial produzir a liberdade de imprensa do mundo moderno, até hoje ausente do país que se moderniza em outras dimensões.


PERGUNTA — A oposição  diz que o país saiu “dividido” das eleições.

O Brasil saiu dividido depois das eleições entre vitoriosos e perdedores, como é costume em democracias. A geografia heterogênea das votações dificulta afirmar a existência de outros eixos de divisão. Com certeza, segmentos de eleitores beneficiados por políticas de governo tendem a votar em seus candidatos. Os governos do Partido dos Trabalhadores têm dado prioridade à descentralização econômica e à distribuição de renda. É natural que seja alta a probabilidade de que tenha obtido mais votos em áreas territoriais e econômicas beneficiadas pela orientação do governo.


PERGUNTA — Os sindicalistas perderam um numero expressivo de cadeiras no Congresso. Como explicar isso?

Os sindicalistas perderam cadeiras no Congresso, o PSDB, conservador, aumentou sua bancada na Câmara dos Deputados e o DEM, ultra-direita quase desapareceu. Não há um só princípio ideológico orientando sistematicamente todos os eleitores. Muitos mudam de opinião de uma eleição para outra e essa é uma das razões que fazem da democracia um sistema de negociações entre múltiplos interesses e vitórias não antecipadas. O eleitor brasileiro distingue os diferentes níveis de eleição – presidencial, senatorial, governo estadual, prefeitos, deputados federais, estaduais e vereadores – e com isso o mosaico das casas de representação e os variados níveis de votação majoritária é muito complexo. Não existe no Brasil a arregimentação quase que militar que ocorre na mobilização partidária de sociedades menos democráticas. Em outras palavras: não há superposição de eixos de conflito na sociedade brasileira, com força suficiente para fender a população em dois grupos antagônicos e irreconciliáveis. Daí que os vencedores em eleições presidenciais tenham que se haver com governos estaduais e municipais, além das câmaras representativas, de inclinações diferentes da sua. É o caso, mais uma vez, das eleições de 2014. Há governadores, senadores e bancadas de deputadas com compromissos partidários os mais diversos. Isso é, ao mesmo tempo, efeito e custo democráticos, pois a representação de múltiplos interesses impede a tentativa de qualquer uniformização anti-democrática da sociedade, e ao mesmo tempo impõe custos em tempo de negociação e formação de consensos operacionais.


POR QUE ???

Por que a Minas de Aécio
deu a vitória a Dilma

Minas nos livrou de seu filho.
Na festa da vitória consagradora em Minas ...



Conversa Afiada reproduz artigo de Kiko Nogueira, extraído do Diário do Centro do Mundo:

POR QUE A MINAS DE AÉCIO DEU A VITÓRIA A DILMA


Uma das certezas desse fim de eleição é que os ignorantes de sempre culparão os nordestinos ignorantes pela derrota de Aécio Neves e proporão um racha.


Estarão errados, mais uma vez, não apenas pelo julgamento odioso. O Nordeste escolheu Dilma maciçamente — inclusive Pernambuco, onde a viúva de Eduardo Campos declarou apoio a Aécio Neves –, mas decidiu o pleito com a ajuda inestimável dos mineiros.


Em Minas, o ex-governador perdeu por 52,4% a 47,6%. São cerca de 500 mil votos.


Para quem se jactava de ter deixado o cargo com 92% de aprovação, número nunca comprovado, e falava de seu estado com um tom de apropriação, foi uma paulada.


Aécio não apenas não elegeu o candidato de seu partido em MG como apanhou de uma conterrânea que, como ele, passou muito pouco tempo por lá.


A nacionalização de Aécio, trazida pela campanha, mostrou aos habitantes de Minas um homem que eles talvez desconfiassem que não fosse grande coisa. Mas como saber ao certo com uma imprensa totalmente vendida e uma propaganda oficial diuturna?


Durante sua gestão e a de Anastasia, não foram publicadas notícias sobre o aeroporto construído em terras do tio, sobre o nepotismo, sobre as verbas publicitárias para veículos de comunicação da família etc. Isso só veio à tona nos últimos anos — e mesmo assim com uma imprensa de Rio e SP jogando a favor.


Aécio termina 2014 como um nome nacional, com um capital eleitoral forte num país dividido, recordista de votos no PSDB, mas derrotado. Terá pela frente dois concorrentes com sangue nos olhos: José Serra e Geraldo Alckmin, ambos de São Paulo.


Os dois estavam com Aécio em seu discurso pós derrota. Ressentido, Aécio não dirigiu palavra à mineirada. Em compensação, São Paulo foi lembrado.


“Eu deixo essa campanha ao final com o sentimento de que cumprimos o nosso papel. São Paulo retrata de forma mais clara o sentimento que tenho no meu coração pelo cumprimento da minha missão”, disse. “Combati o bom combate, cumpri minha missão e guardei a fé”.


Minas nos livrou de seu filho.

domingo, 26 de outubro de 2014

O BRASIL NÃO PODE VOLTAR AO PASSADO.

O Brasil não quer voltar atrás”, afirmam economistas

"O Brasil está vivendo uma profunda transformação social que interrompeu o ciclo histórico da desigualdade no País”. Essa declaração consta de documento assinado por vários economistas brasileiros, que declaram o seu apoio à Dilma Rousseff. O texto é assinado, entre outros, por Maria da Conceição Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, Nelson Barbosa, Ricardo Carneiro, professor Unicamp e diretor do BID; Márcio Pochmann, professor da Unicamp; e Clemente Ganz, economista do DIEESE. Os economistas lembram que "o que está em jogo nesta eleição é a volta ao passado ou a continuidade do modelo que abre as portas do futuro. É a opção entre as políticas que serviram para perpetuar as desigualdades e o modelo que contribuiu para aprofundar a democracia, trazendo à luz milhões de novos cidadãos O Brasil está vivendo uma profunda transformação social que interrompeu o ciclo histórico da desigualdade no País. Nos últimos 12 anos, dezenas de milhões de pessoas tiveram acesso à economia formal e conquistaram um novo patamar de cidadania. Na base dessa transformação, está o modelo de desenvolvimento econômico com inclusão social iniciado no governo do presidente Lula e que prossegue no governo da presidenta Dilma Rousseff. Este modelo ampliou o acesso ao emprego, ao crédito e ao consumo. Combinado com a valorização dos salários e a transferência de renda, dinamizou o mercado interno, estimulou o investimento e promoveu o crescimento econômico, beneficiando a sociedade como um todo. A nova dinâmica da economia permitiu aumentar os investimentos sociais e em infraestrutura. O Brasil tornou-se mais robusto diante das oscilações internacionais. Mesmo no contexto econômico global mais adverso dos últimos tempos, o governo Dilma manteve seu foco no aumento do bem-estar da população, com ênfase na promoção da igualdade de oportunidades, para que todos possam progredir e realizar seus sonhos e aspirações. Em quatro anos, foram criados 5,5 milhões de empregos formais e a renda das famílias continuou a crescer. Dificuldades conjunturais existem e devem ser enfrentadas com firmeza; fazendo correções e ajustes sempre que necessário. Mas não podem servir de pretexto para um retorno às políticas econômicas do passado, que se voltavam apenas para uma parcela da população e, diante dos problemas, impunham à maioria o preço da recessão, do desemprego, do arrocho salarial e do corte dos investimentos sociais”, ressalta o documento.

Mulheres querem mais mudanças com Dilma

"Estamos com Dilma porque queremos mais mudanças e mais transformações e por que lutamos para erradicar toda a discriminação de raça, gênero, classe e orientação sexual”. Essa é a posição de um conjunto numeroso das mulheres brasileiras, que, em manifesto, declara apoio à Dilma Rousseff. "Estamos com Dilma porque, por toda sua vida, esta mulher teve coragem de enfrentar esse passado de injustiça para construir um presente em que caibamos mulheres e homens livres e iguais”, diz o documento, acrescentando que o segundo turno das eleições "é decisivo para definir o país que queremos para nós, mulheres de hoje, e para as próximas gerações. Há 12 anos, vimos uma mudança começar no país com a maior garantia de direitos e o combate à desigualdade como prioridade. Foram muitas as mudanças na política econômica e nas políticas sociais do governo que trouxeram para o debate político a urgência em acabar com as injustiças históricas do Brasil”.

Entidades negras apóiam Dilma

A Coordenação Nacional de Entidades Negras conclama a população afrodescendente do Brasil a votar em Dilma Rousseff, neste domingo, dia 26. Em manifesto, a CNEN afirma que "sabemos que o que está em jogo novamente nessas eleições são dois projetos e modelos de desenvolvimento econômico e social. Um representado pela presidenta Dilma mais os governos do Presidente Lula, que garantiram uma série de avanços à sociedade brasileira e à população negra em geral, e outro que representa a mesma elite e as mesmas oligarquias políticas que governaram o Brasil por mais de quinhentos anos e que condenaram a maioria do país à miséria e à pobreza. Dilma Rousseff significa a possibilidade de continuarmos a promover a inclusão social, a redução das desigualdades e da pobreza, da informalidade e do desemprego, fortalecer a democracia e garantir um modelo de desenvolvimento sustentável com igualdade de gênero, raça e etnia no país. A possibilidade de prosseguirmos nas conquistas da luta de combate ao racismo desde  a Constituição de 1988 (a lei Caó que criminaliza o racismo e o artigo 68 que permite a titulação das terras quilombolas) até os marcos legais que foram instituídos nos últimos anos no sentido de criar um conjunto de políticas de públicas de ação afirmativa no país: a lei 10.639 que estabelece a obrigatoriedade do estudo da História e da Cultura da África e dos Afro-brasileiros no currículo escolar de todo o sistema fundamental e médio, público e privado;  a lei 12.288/2010 que institui o Estatuto da Igualdade Racial; a lei 12.711/2012 que garante a reserva de 50% das vagas para os estudantes de escolas públicas, dentre estes os negros e as negras; a lei 12.990/2014 que estabelece cotas raciais em concursos públicos federais.  Da manutenção de importantes programas como o Brasil Quilombola e o Programa Universidade para Todos (PROUNI). Aécio Neves significa o regresso ao neoliberalismo, com as privatizações, a redução dos investimentos em políticas sociais e a criminalização dos movimentos sociais.  Para a população negra o bloqueio de nossas conquistas, o fortalecimento da proposta de redução da idade penal, anunciada durante sua campanha, que tornará ainda mais difícil a vida da juventude negra, que é vítima de um processo de genocídio em nosso pais”.

Estudantes e profissionais da Educação vão votar em Dilma

Estudantes, técnicos e professores do ensino superior público brasileiro declararam apoio à reeleição de Dilma Rousseff para o cargo de presidente da República Federativa do Brasil. Em manifesto, eles afirmam que "até 2002, assistimos a uma estagnação do ensino superior público no Brasil e constantes ameaças de privatização das Universidades Federais. O renascimento das Universidades Federais ocorreu com a eleição do presidente Lula, que implementou uma nova política educacional. Essa política de fortalecimento do Ensino Superior Público teve continuidade no mandato da presidente Dilma com a valorização da carreira universitária, o aumento do número de bolsas para a pós-graduação, a criação do programa "Ciência Sem Fronteiras" e Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, a continuidade e ampliação do PIBID/CAPES com milhares de bolsas para acadêmicos/as e professores/as da rede pública, mais verba para projetos e uma série de editais para ensino, pesquisa e extensão, juntamente com vários outros programas de incentivo à inserção e permanência do jovem na universidade. Além disto, foi incentivada a expansão e a interiorização das universidades públicas, com a criação de mais 173 campi e 18 novas Universidades, tendo sido atendidas mais de 237 cidades do interior do país”. Em outro trecho do documento, os profissionais da Educação dizem que "acreditamos que para dar continuidade ao plano de desenvolvimento dos investimentos públicos que vêm sendo realizados pelo governo atual, devemos apoiar veementemente a candidatura de Dilma para presidente do Brasil, para garantir: (1) a valorização do ensino superior através da qualificação dos três pilares da educação superior – ensino, pesquisa e extensão; (2) o papel da universidade como centro catalisador do conhecimento científico, tecnológico, cultural e socioeconômico para os setores estratégicos do País; e (3) a defesa da universidade pública e gratuita com a inserção regional e de grupos antes excluídos da esfera acadêmica”.