GUARDA MUNICIPAL TORTURA MENOR DE 15 ANOS

Na sexta-feira dia 19 de dezembro de 2014, na av. Rio Branco com Rua do Ouvidor às 16h chega uma equipe da Guarda Municipal para reprimir trabalhadores que estavam vendendo mercadorias aproveitando o movimento das vésperas do Natal, atacando com cassetetes o tabuleiro de um camelô que vendia óculos, causando alvoroço e correria, então algumas pessoas jogaram pedras na direção dos guardas, eles revidaram prendendo um menor e bateram nele e arrastaram até a viatura, mesmo sem reação do rapaz continuaram agredindo, mesmo na presença de policiais militares que nada fizeram. A Maria questionou aos policiais militares e eles comentaram que o garoto teria apanhado muito, ela disse que eles não deveriam ter permitido, mas uma policial militar respondeu que eles não podem interferir no “trabalho” dos guardas municipais.
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  A Maria do MUCA chegou no momento em que estavam levando o detido no carro da Guarda Municipal, ela pediu para acompanhar o menor, Moisés Francisco da Hora, até a delegacia, mas foi impedida e sofreu agressão dos guardas, um chute na perna e foi segurada com violência pelo braço e empurrada para que não desse assistência ao menor detido. Ela foi primeiro para 5ª Delegacia, depois para a DPCA (Delegacia de proteção à criança e ao adolescente), mas não foi localizado. Sendo encontrado pelos parentes à noite na DPCA, mas foram impedidos de comunicarem-se com ele. Na segunda-feira dia 21/12, o MUCA  solicitou ajuda pelo Facebook, foi respondida pelo advogado do IDDH Thiago Melo, que informou que o rapaz estava preso na Ilha do Governador e que teria uma audiência na terça-feira, Maria pediu ajuda pela rede para que algum advogado estivesse presente na audiência. Moisés foi libertado após a audiência e ligou para Maria dizendo que dois advogados estiveram presentes para ajudar na sua defesa, Maria pediu para fazermos uma entrevista na sexta-feira.
   A mesma equipe da Guarda Municipal retornou terça-feira ao local do crime para capturar outras pessoas que supostamente teriam jogado pedras durante a outra operação, quando alguns camelôs discutiram sobre a forma de atuação, inclusive militantes do MUCA denunciaram a tortura, mas os guardas continuaram com ameaças, dizendo que pegariam um por um.(*conforme link acima)
    Após o Natal encontramos Moisés que estava muito machucado e traumatizado, ele nos contou que os guardas mantiveram preso na viatura batendo com o cassetete, perguntando o nome das outras pessoas que teriam jogado pedras, pois elas sofreriam seu castigo, deixando-o preso na viatura durante horas ao sol, recebendo tapas na cara, socos e pontapés, não levou choque porque  a arma taser estava descarregada. Na delegacia foi encaminhado para o hospital, ele foi e voltou apanhando dos guardas municipais, depois ele foi autuado por dano ao patrimônio público. A humilhação e revolta estavam presentes na expressão do Moisés, com olhos cheio de lágrimas nos contava a história de tortura e truculência dos guardas municipais.
   2014, ano em que foi concluído o relatório da Comissão Nacional da Verdade, sobre os crimes de tortura da ditadura empresarial-militar de 1964, na cidade do Rio de Janeiro presenciamos o crime de tortura cotidiano, naturalizado pela Guarda Municipal, que foi parida das entranhas da PMRJ- polícia militar do Rio de Janeiro. Fizemos a denúncia na Ouvidoria da Guarda Municipal, pois essa é uma das lutas constantes do MUCA: “Fora Guarda Municipal da Fiscalização do Comércio Ambulante”, também não queremos nenhuma arma nas mãos de guardas municipais.